Dou voltas e voltas ... enrosco-me nos lençóis, fecho os olhos e tento não chorar. Será isso possÃvel, não estarei eu a procurar pela solidão, quem sabe... pelas minhas próprias lágrimas e sofrimento. Não é isso que eu quero, mas parece que o meu corpo está à procura disso, parece ... que é só isso que mexe comigo, que me deixa completa. Não sei como lidar com o monstro dentro de mim, como iluminar esta escuridão e aquecer a frieza do meu coração. Palavras ... são elas que nos deixam tão bem, mas tão mal ao mesmo tempo. Gostava de poder escolher o que ouvir, o que dizer, o que sentir... Talvez até possa, se eu conseguisse lidar comigo, com o meu próprio ser... mas não o sei fazer. Olho à minha volta, e vejo cor, vejo a cor da natureza, mas algures observo cinzento, cores neutras... é o sorriso e o olhar de cada um, parece que nada é verdadeiro, nenhum sorriso é aquele que devia ser, o olhar está a conter cada lágrima que devia ser derramada. Penso se há alguém como eu, com os mesmos pensamentos que eu, com as mesmas vontades ... Eu sei que não sou única, sei que há mais gente como eu, que se deita a pensar no dia e até a pensar naquilo que não quer, a pensar nas promessas quebradas, nos sorrisos verdadeiros dados por simples momentos, a lembrar tudo o que quer e não quer. Por vezes o que nos fez mais felizes em tempos, é aquilo que agora nos destrói por completo... olhar para cima para as lágrimas não cairem, estar de barriga para baixo para controlar a respiração ofegante após o choro, apertar as mãos para controlar a raiva, morder a lÃngua para não falar nada de errado... quem nunca ? Se formos a ver, ninguém é único, mas também ninguém é igual. Somos sombras, somos carne, e ao contrário do que todos pensam, ninguém é de ferro. Todos choram, todos sorriem, todos fingem, todos mentem para eles mesmos ... Não se tentem enganar a vocês mesmos ... Somos todos uns monstros e apenas não sabemos lidar com nós mesmos. Da próxima vez que se forem deitar ... não se controlem, pensem em tudo, libertem esse monstro de dentro de vocês. Berrem, chorem, não durmam ... Apenas não continuem solitários. Usem o vosso monstro para companhia.
Chego à conclusão que não sirvo para nada, que tudo o que eu faço é uma porcaria, que tudo o que eu digo é errado. A minha vida será um erro? Ter nascido ... terá sido um erro? As pessoas não entendem que basta uma frase fria dita de cabeça quente magoa mais do que uma faca a rasgar os pulsos. As pessoas não entendem que quando nos dizem que somos uma merda, estão a deitar-nos abaixo, estão a obrigar-nos a assinar um contrato com a solidão, com a desilusão, com a desistência! Olham para mim como se eu fosse um monstro em forma de humano, olham-me de alto a baixo e julgam sem saber... Se não me conhecem, porque me dão tantos rótulos ? Se sou estúpida, se sou um desastre, se sou uma criança ... dizerem-me coisas destas, levam-me a sentir como merda mesmo, é que não arranjo outra palavra senão merda ou desilusão. Sinto-me um erro por dizerem tudo o que dizem. Sou adolescente e não sei o que é viver a vida, prendem-me, como se prendessem as asas de um pássaro. Não me deixam 'voar', não me deixam ser livre. Haverá alguém por aà escondido que um dia me vai dar a mão e levantar? Haverá alguém que valorize o pouco valor que tenho? Ou será que já sou um erro para todos? Não aguento muito mais...