Passo os dias à tua espera.
Sempre naquele impasse de não saber como estás.
Passo os dias na esperança de te ver, mas nunca passa de uma
ilusão.
Para se remar um barco são precisas duas pessoas, dois
remos, e às vezes sinto que remo este barco sozinha, sem nunca sair do lugar.
Enquanto eu estou no mar sempre de remo na mão a tentar sair
do sitio, tu estás em terra, a fazer sabe-se lá o quê.
E eu sempre à espera que voltes, mas tu não dás sinal de
vida.
E quando regressas para para junto de mim apenas remas
durante uns minutos. E voltas a partir.
O barco andou é verdade, mas eu não sou forte o suficiente
para o manter no mesmo sitio e não quero nem consigo seguir viagem sem ti. Por
isso acabo sempre por regressar ao mesmo local.
Acabando por passar os dias sozinha, entregando-me aos
pensamentos e às perguntas.
Quando voltarás?
O que estarás a fazer?
Será que alguém entrará no barco e remará comigo deixando-te
para trás?
Mas sei que nunca encontrarei ninguém que reme como tu.
A culpa é minha, eu sei. Não te peço para ficares. Tenho
medo da resposta.
Por muito pouco tempo que seja, tu vens, tu estás ali.
Essa pergunta poderia acabar de vez com isso.
Quanto mais penso, mais remo para me distrair.
Quanto mais remo, menos descanso e menos como porque não
posso parar de remar.
E quando dou por mim, já só consigo chorar.
Estou sozinha neste barco. Não sou forte o suficiente para
remar sozinha nem importante o suficiente para largares tudo e vires remar
comigo.
Talvez um dia voltes e eu já não esteja cá.
Quem sabe?
Talvez comeces a passar os dias sentado no cais à espera que
volte para ti.
Ai saberás como me sentia na tua ausência.
- Foi uma amiga minha que escreveu, espero que gostem.